Para Xavi Escrivà Durà (Pedreguer), o hobby do ciclismo tornou-se algo mais do que uma atividade relegada ao tempo livre. Desde 2021, esta forma de conhecer o mundo tornou-se para ele um projeto vital ao qual dedica longos períodos de tempo. Foi em outubro daquele ano que decidiu realizar a sua primeira grande viagem desde o Cabo Norte, na Noruega, até Valência, de bicicleta. Cerca de 6.500 quilômetros carregando tudo nas costas e oito meses depois voltou para casa.
Embora longe de ser uma experiência extraordinária, a sua viagem pela Europa mais fria apenas reforçou a ideia de transformar a sua aventura num projeto pessoal de cicloturismo autossuficiente. Um propósito, ou melhor, um sonho que se tornou possível quando Xavi ficou desempregado, há três anos.
Nosso aventureiro começou a compartilhar seu amor pela natureza e pelas montanhas com a divisão infantil do Centro Excursionista Pedreguer, dirigido por Maite Sendra. Mais tarde, já adulto, passou a gostar de trilha correndo, para percursos pedestres e há dez anos de bicicleta.
Agora, no dia 16 de dezembro, Xavi iniciará sua próxima viagem 14.000 quilômetros de Valência à Cidade do Cabo, África do Sul. A maior aventura até agora para o de Pedreguer, em que cruzará a África de norte a sul, enquadrando-a no seu projeto autossuficiente de cicloturismo iniciado naquele mês de outubro de 2021.
Conversamos com ele para saber mais sobre esse estilo de vida interessante e sua maneira de ver o mundo.
PERGUNTAR. Conte-nos um pouco mais sobre o cicloturismo autossuficiente. O que o levou a escolher este termo como meio para sua aventura?
RESPOSTA O passeio de bicicleta fala do meu estilo de viajar. Viaje pelo mundo de bicicleta É uma forma mais lenta e tranquila de viajar.. Mas há três vertentes do cicloturismo que são fundamentais para mim e que me levaram a escolhê-lo como meio de transporte. Por um lado, a componente de aventura, por outro, a oportunidade que oferece de descobrir e conhecer em profundidade as culturas e, por último, o desafio que representa, a motivação pessoal e o auto-aperfeiçoamento.
Embora nenhum desses aspectos predomine no meu projeto. Trata-se simplesmente de viajar e conhecer o mundo com a bicicleta.
P. Existem outras pessoas tentando realizar um projeto semelhante? Em que ou em quem você se inspirou?
R. Como referências sempre tive os grandes nomes do cicloturismo em Espanha, como Paco Tortosa, ou aventureiros que sempre me motivaram. Pepe Ivars, por exemplo, é um aventureiro de Dénia, cuja figura me ajudou muito a me motivar. Mas tenho tentado não me ater a nenhum projecto em particular, mas sim seguir o meu próprio estilo e forma de viajar.
P. A primeira viagem foi de oito meses, é muito tempo longe de casa. Como você financia seu projeto? Durante a primeira grande travessia do Cabo Norte, você combinou a viagem com o trabalho?
R. Este projeto é autofinanciado com minhas próprias economias. Reforcei o custo da primeira viagem com os trabalhos que fui conseguindo durante a viagem, já que O conceito do meu projeto permite-me viajar sem horários de estadia específicos em um lugar ou outro.
Antes de iniciar minha aventura, dediquei muitos anos à hospitalidade e ao atendimento ao cliente. Esta experiência profissional permitiu-me trabalhar em qualquer lugar, como na Finlândia, França ou Alemanha. Tentei aproveitar as campanhas de inverno ou de Páscoa para continuar o autofinanciamento. Quando não tinha trabalho eu viajava.
Também financiarei o próximo para a Cidade do Cabo com as economias dos últimos dois anos.
P. Como é o processo logístico e de preparação física para uma aventura como esta?
R. Em relação à logística, parto do pressuposto de que já possuo o equipamento do cicloturismo. A bicicleta, a tenda, os acessórios de cozinha, entre outros elementos. A única coisa que fiz foi atualizar a bicicleta para viajar mais longe, identificar previamente as peças que apresentam maior desgaste ou que podem quebrar e fornecê-las. Na próxima viagem também terei aumento de peso, principalmente porque terei que carregar mais peças de reposição. Em qualquer caso, é preciso dizer tudo, as bicicletas de turismo são mais simples, mais robustas e mais fáceis de reparar.
Quanto à preparação física, já tenho a base. Minha condição física é normal, mas minha filosofia é entrar em forma com o tempo, à medida que a viagem avança. Quando viajo muito tempo aproveito o primeiro mês para entrar no ritmo. Tento percorrer menos quilômetros no início e aumentar gradativamente a distância.
O importante é adaptar a distância à sua condição física atual e à sua situação atual, pois está carregada com muito peso. As exigências de uma viagem longa são diferentes das de uma viagem mais curta. Quando a viagem é curta, você precisa sim de um condicionamento físico maior se seu objetivo é percorrer mais distâncias em poucos dias. No meu caso não tenho essa exigência, vou buscar a forma física.
P. Quais elementos são essenciais para garantir a autossuficiência nas viagens? Como você aborda a preocupação de minimizar o impacto ambiental durante as viagens e como promove a sustentabilidade em suas ações?
R. Sobre tudo, Eu gasto pouco dinheiro. De alguma forma, o segredo para sobreviver é esse e otimizar recursos. Por outro lado, minimizar o meu impacto ambiental com a bicicleta é mais fácil, porque é mínimo. Mas para mim é muito importante escolher locais onde a pessoa possa ficar e que não sejam ambientes protegidos. E especialmente, não deixe rastros, saia e deixe o lugar como estava.
P. Qual é a sua motivação para continuar ao embarcar em uma dessas longas aventuras?
R. Minha motivação pessoal é muito influenciada por quero passar muito tempo na natureza, conhecendo diferentes culturas e o desafio pessoal de alcançá-lo.
Por outro lado também As pessoas que encontro no processo são muito importantes para mim. e também influenciam minha motivação. Durante a viagem desde Cabo Norte conheci muitas pessoas que de alguma forma sei que estão ali, me apoiam e querem me ver um pouco mais. Não confio muito nas redes sociais, mas utilizo-as para manter contacto com outros cicloturistas, viajantes ou pessoas do mundo da aventura que conheci e que hoje fazem parte da minha experiência.
P. E seus familiares e amigos, como receberam a notícia de que você iria realizar esse projeto de cicloturismo autossuficiente de longa distância?
R. É sempre difícil caber falar de um projeto tão grande e com tantos fatores que de uma forma ou de outra não proporciona nenhuma segurança. O que farei na próxima semana, viajando pela África, é maior que o anterior e envolve muitos riscos.
P. Ao enfrentar esta próxima viagem, quais são os principais desafios que você enfrenta?
R. Acho que o meu desafio pessoal será ter muita resistência, não só pelas condições meteorológicas, mas pelo facto de gastar muito tempo viajando com poucos recursos em geral e económico em particular. As minhas e também as da viagem num país que também não tem muitos recursos e serviços.
P. Você tem alguma previsão de quando terminará?
R. Se tudo correr bem, a ideia é terminar durante os meses do próximo verão, embora não me atreva a dizer nenhum mês específico. Devido ao meu estilo de viagem, não tenho data definida nem necessidade de terminar em determinado horário.
Meu principal objetivo não é chegar à Cidade do Cabo, mas sim viajar pela África. Para mim é muito mais importante que isso seja um projeto de vida gratificante que me realiza como pessoa. Só o facto de viajar por vários países de África e conhecer as suas culturas, tradições, como vivem e poder vivenciar isso com eles é muito mais importante do que atingir o objetivo.
P. Depois de concluído o projeto, que aprendizados ou valores você sempre levará consigo? Como você espera que isso influencie sua vida a longo prazo?
R. Acho que para muitos essa é a beleza de viajar. Você nunca sabe realmente o que esperar. De alguma forma viajamos com nossos conceitos, preconceitos e expectativas sobre o que vai acontecer, mas depois eles serão bem diferentes e certamente acabarão superando essas expectativas.
O que você encontra é muito mais gratificante do que você pensa que encontrará.. E viajar de bicicleta também permite passar muito mais tempo imerso na experiência, misturando-se com as culturas, as pessoas, permitindo entrar nas suas casas, viver como eles e conhecer melhor o seu modo de vida.
P. Onde podemos acompanhar suas aventuras e paradas em sua próxima grande viagem?
R. Eu atualizo principalmente os lugares que visito no Instagram. Mas eu também uso o aplicativo Passos polares, onde registro o percurso que faço em tempo real e comento e compartilho informações sobre os lugares que visito com fotos.
P. Para nos deixar um pouco intrigados sobre o que você pode nos contar em breve sobre sua experiência na África, você pode compartilhar conosco algum momento ou encontro particularmente memorável que você viveu em sua viagem do norte da Europa até La Terreta?
R. São muitos, mas um dos que mais me lembro foi em Lapônia sueca, quando um dia, quando amanheceu com muita neve, uma família me recebeu em sua casa como se fosse um dos seus. Eles me levaram para conhecer a região a fundo fazendo roteiros juntos. São lugares que ficam gravados na sua mente, extremamente bonitos, e poder vivenciá-los de mãos dadas com os cariocas foi excepcional.
Outra anedota importante para mim foi em Alsacia, quando uma roda quebrou irreparavelmente. Tive que entrar em contato com os fabricantes e eles me enviaram um novo. Mas nesse período passou mais de uma semana e fiquei no abrigo de uma comunidade de cicloturistas, onde até pude trabalhar todos aqueles dias num hotel da região.
Ànims eu endavante!
SUPERIOR, MAGNÍFICO, FORTIFICANTE, EXCEPCIONAL, CORAGEM, ENTUSIASMO, SAÚDE, AMPLIAÇÃO DE MENTO………..
EU MULT MES……….E desitgem MAITE I PEPE, molta FORÇA. UM FORTE QUEIMADO
E o destino parece favorável, estradas doces e uma experiência transformadora e inspiradora.
Endavant, conquistador de estradas! ?♂️✨