CRÔNICA | Nalia Arbona Larrosa. Concerto de Pep de la Tona. Apresentação do álbum O Tempo do Calor. Almàssera, a Horta Norte. 22 de fevereiro às 22h00
A noite de 22 de fevereiro na Cidade do Rock em Almàssera seria uma daquelas em que a música não só seria escondida, mas vivida, compartilhada e transformada em um grito de resistência e amor. Pep de la Tona, alter ego de Josep Nadal, levará seu álbum à Horta Nord O Tempo do Calor, já imerso em uma turnê que o está deixando pronto. O concerto será, como não poderia deixar de ser, uma explosão de ritmo, intensidade e emoção.
A partir das 22h, o público se reúne na expectativa de uma noite cheia de emoção e lembranças. Sem preâmbulos, Nadal irrompe no palco acompanhado por um poderoso conjunto de músicos: guitarristas, bateria, instrumentos de sopro, teclado e um mestre da dolçaina, do llaüt e do acordeão. Sem apresentações calorosas; Tothom sabia o que estava procurando: viver uma história contada através da música.
O início da batalha será marcado pela interpretação de Alerta, a primeira faixa do álbum, em colaboração com JazzWoman, uma das bandas mais poderosas da cena valenciana e referência do feminismo musical em tempos turbulentos. A partir daqui, o repertório tecerá uma fusão entre passado e presente, sem faltar hinos de La Gossa Sorda. Senhora da Água, Entre Canuts i Quina Calitja. Nadal guiará o público por aquelas canções que marcaram gerações e que, apesar do passar do tempo, continuam sendo um sinal da escuridão política e social do País Valenciano.
Mas esta noite teve um componente especial. O passeio O Tempo do Calor não é apenas um disco musical; É uma homenagem à luta, à memória histórica e à defesa da identidade. O frio e a chuva que se infiltraram em Rock City evocaram memórias da trágica noite de 29 de outubro. Nadal fará referência ao DANA, enquanto o público ressoa com cânticos como Mazón renunciou e você proclama a favor do valenciano. A crise climática, a espinha dorsal do seu novo trabalho, pesará em cada acorde.
Um dos momentos mais emocionantes chegará com a participação do coral infantil Picanya, que subirá ao palco para interpretar Mais linda que a lua, acrescenta um toque de medo e esperança à noite. A conexão entre o público e os artistas era palpável; cada estrofe de Salve a Albufera é cantada com a força daqueles que fizeram da música uma ferramenta de resistência. Os rostos do público refletem paixão e comprometimento, uma reafirmação da identidade coletiva que Pep de la Tona reivindica em cada música.
O momento culminante chegará quando Jonatan Penalba aparecerá para interpretar juntos Picaína, em meio a um mar de estrelas e faixas com o lema A língua não se toca. Um instante cheio de simbolismo, onde se alicerçam a tradição e a luta de hoje. O palco vai se tornar um espaço de cumplicidade, um diálogo entre gerações que fizeram da música um veículo de reivindicação.
O concerto não será apenas uma viagem à nostalgia; Será uma celebração do presente e uma declaração de intenções para o futuro. Como Raimon disse em Jo vinc d'un silêncio“Quem perde as origens, perde a identidade”, e aquela noite na Cidade do Rock foi uma demonstração clara de que os arranjos valencianos permanecem intactos. A combinação de intensidade e emoção faz com que o público se deixe levar pelo ritmo e pela esperança de temas como Dias de primavera e alegria. Com uma explosão final de otimismo, Nadal encerra a noite com uma peça que personifica a resiliência em tempos difíceis.
Assim, o dia 22 de fevereiro ficará gravado na memória coletiva da Horta Nord como uma noite de música, discos, lutas e paixão. Josep Nadal deixa uma mensagem profunda, lembrando-nos que a música é muito mais do que entretenimento: é um símbolo de resistência, uma bandeira de liberdade e, acima de tudo, uma declaração de amor à terra. O Tempo do Calor não é apenas um disco; É uma voz coletiva que continua a clamar pela dignidade de um povo. Almàssera testemunhará uma noite que dificilmente será apagada dos registros.